Porque, todo filme é bom, o que atrapalha é a crítica. Ou não?

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Homem de ferro


Eu acho que muita coisa já foi dita sobre o azarão de 2008 'Homem de ferro' (Iron man/EUA/2008). É mais ou menos a estratégia da Marvel interligar seus super-heróis, tipo a Liga da Justiça. Eu gosto dessas citações de outros super-heróis nos filmes e eu já disse em outro post que essa estratégia é ponto pra Marvel.
No filme, Tony Stark (Robert Downey Jr.) é um fanfarrão bilionário, tipo um Bruce Wayne mais sarcástico, sacaram? Além de brilhante inventor de parafernálias tecnológicas que fazem de suas indústrias, o principal fornecedor para armamentos de guerra em todo o mundo. É por isso que, as forças terroristas sequestram Tony, para que ele use essa capacidade 'inventiva' em prol de seus grupos armados. Mas, Tony, o fanfarrão, acaba por construir uma espécie de armadura que vai ajudá-lo a fugir do cativeiro e transformá-lo no herói Homem de ferro.
O filme é tão divertido, que você nem se incomoda com as atrocidades 'super-heróicas' da história (como o fato de Tony se manter vivo com uma espécie de bateria ligada no seu coração). Isso porque, nem a obviedade do vilão vivido por Jeff Bridges e nem a mocinha insossa dos filmes de super-herói, aqui vivida por Gwyneth Paltrow, são páreo para a interpretação convincente de Robert Downey Jr. Sério, ele nasceu para ser o Tony Stark! Com suas tiradas de humor e o tom sarcástico que empresta ao super-herói, Downey Jr. é a grande sacada de Homem de ferro. E nem tem aquele sentimentalismo 'tanga frouxa' dos heróis comuns quando endossam seus discursos pela paz mundial. Tony Stark se diverte em ser o Homem de ferro, a paz mundial e a ordem, são consequência dos seus 'poderes'. Sem contar que, tanto Tony, quanto seu alter ego são igualmente interessantes e divertidos. Chupa Clark Kent! Chupa Peter Parker!
Taí uma franquia que vale a pena investir!

Trailer:

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Outra



Histórias sobre a corte européia costumam dar muito pano pra manga em Hollywood. Sinceramente, eu já perdi a conta de quantos filmes já foram feitos sobre o tema. Mas, se tem uma coisa que me chama atenção em filmes desse tipo, é a maneira como o diretor introduz a ficção dentro do contexto histórico, o que algumas vezes nos brinda com filmes como 'Maria Antonieta' e 'Elizabeth'. É certo, que os dois filmes foram feitos com propósitos totalmente diferentes, mas, mesmo com propostas distintas de suas produções, me conquistaram, respectivamente, por: 1) retratar a corte pela visão de uma adolescente e despropositalmente (ou não) ser pop e 2) por ser mais fiel à história real, mas, sem perder o fio da meada que mistura realidade com ficção, afinal, isso é cinema e entretenimento e não um documentário.
Ontem, ao terminar de assistir 'A Outra' (The Other Boleyn Girl /EUA/Inglaterra/2008), apesar das boas interpretações, me senti um pouco lesada pelo diretor Justin Chadwick. Isso, porque, simplesmente não consegui encontrar o caminho entre história real/ficção. Eu sei que, pouco mais de 2 horas de filme não são fuficientes para contar uma história tão controversa como a rivalidade das duas irmãs Bolena pelo coração do Rei Henrique VIII, mas, um pouco mais de congruência, por favor!
É certo que a grande sacada do diretor foi ter escalado Natalie Portman para o papel de Ana Bolena, mas, ao vermos Scarlett Johansson fazendo seu eterno biquinho 'inocente' para dar vida à irmã de Ana, Maria Bolena, percebemos que o diretor nem se esforçou muito para esconder do telespectador quem seria a 'mocinha' e quem seria a 'vilã' da história. E torcemos o tempo todo para a Ana Bolena de Natalie Portman, e eu acho que o certo seria torcer para a 'mocinha' Maria Bolena, certo? E nem é birra da Scarlett Johansson, é puro disparate nas interpretações de ambas. Natalie Portman comanda o filme! Pra falar a verdade, se o Rei Henrique VIII não existisse nos livros de história, seria melhor que fosse cortado do filme, sério. Eu adoro o Eric Bana, mas, não só ele como todos os outros personagens do filme ficam à sombra de Natalie Portman. E talvez esteja aí o erro.
O filme vale por ela, porque, não sobra mais nada relevante nessa história. Na verdade, seria muito melhor se o filme fosse somente sobre a vida de Ana Bolena, a rainha bruxa da Inglaterra. Seriam 2 horas ou mais, muito mais bem aproveitadas. É uma pena que Natalie Portman não repetiria um mesmo papel.
Trailer:

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Os maiores vilões do cinema

Na onda dos blogueiros amigos que fizeram suas listas, faço também a minha lista dos maiores vilões da tela grande dos últimos anos. Minha lista, como sempre, vai muito mais pelo impacto que estes seres perversos me causaram, do que pela sua importância e blá blá blá para o cinema, ok?!

10) Leão Scar (O Rei Leão)
Eu acho que, jamais vai existir um vilão tão diabólico nos filmes da Disney quanto Scar. Sério, pegaram pesado! Até eu tenho medo dele, minha gente!


09) Elle Driver (Deryl Hannah - Kill Bill)
Eu não sei quanto a vocês, mas, eu repeito a única pessoa que desafiou e foi capaz de matar Pai Mei, ok?!


08) Norman Bates (Psicose)
O vilão! O vilão!


07) Rainha má da Branca de Neve (Branca de neve e os sete anões)
Se Scar é o vilão mais diabólico dos últimos tempos da Disney, certeza que ele aprendeu tudo que sabe com a madrasta má da Branca de Neve. Eu acho a cena em que ela enfeitiça a maçã envenenada e se transforma em uma velha bruxa, uma das cenas mais aterrorizantes já feitas. Corram crianças, corram!!!



06) Coringa (Heath Ledger - Batman - O cavaleiro das trevas)
Eu sei, eu sei, Jack Nicholson é Rei! Mas, a interpretação marcante de Heath Ledger como Coringa, foi muito além da maldade implícita do personagem interpretado por Nicholson. Não sei dizer quem foi o melhor Coringa, mas, certeza que o que me deu mais medo foi o de Ledger!


05) Barbara Covett (Judi Dench - Notas sobre um escândalo)
Se tem uma coisa que faz a platéia temer o vilão, é o lance psicótico que o vilão tem. E nos últimos tempos, não teve uma vilã tão dissimulada quanto Barbara Covett. O que prova que, nem sempre, o vilão precisa de atos anarquistas e roupa ensopada de sangue para dar medo.


04) Jack Torrance (Jack Nicholson - O Iluminado)
Louco! Louco! Louco!


03) Darth Vadder (Star Wars)
O lado negro da força é a 'sacada' de GeorgeLucas para que o vilão Darth Vadder funcione. Chega a ser desesperador a transição de Anakin Skywalker, jedi 'messiânico', digamos assim, para Darth Vadder, a personificação do mal. Um vilão inesquecível em todos os sentidos!


02) John Doe (Kevin Spacey – Seven)
Pra mim, John Doe é o vilão mais sanguinolento, psicótico, doente, persuasivo, inteligente, whatever de todos os tempos! Só perde para o Hannibal Lecter. Tudo o que veio depois (Jogos mortais e similares) foi por causa dele! Kevin Spacey rules!


01) Hannibal Lecter (Antony Hopkins – O silêncio dos inocentes/ Hannibal)
A personfificação do mal, seu nome é Hannibal Lecter!
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Margot e o casamento


As relações familiares podem ser complicadas e verborragia familiar em muitos casos não levam a lugar algum. Assim Noah Baumbach deixa transparecer em seu 'Margot e o casamento' (Margot at the wedding/EUA/ 2007).
Margot (Nicole Kidman) e Pauline (Jennifer Jason Leigh) são duas irmãs que tem um relacionamento complicado, uma vez que Margot insiste em sabotar (verbalmente, que fique claro) a vida amorosa de Pauline, e Pauline, por sua vez se conforma em ser completamente omissa aos 'atentados' da irmã.
Apesar de ainda tratar de questões familiares, o diretor de 'A lula e a baleia', expõe as feridas marcadas por anos de desacordo entre Pauline e Margot, de maneira tão sutil (tanto que nada é revelado a respeito do passado familiar das duas personagens, a não ser o fato de terem sido maltratadas pelo pai e se odiarem/ se amarem mutuamente) e ao mesmo tempo tão explícitamente (diálogos cruéis), que faz o expectador se envolver a tal ponto que nem interessa saber de muitos detalhes da vida delas.
A dupla Kidman/Jason Leigh também contribuem para que o isso dê certo. Estão em total sintonia no filme, até estão parecidas fisicamente.
Jack Black (o noivo de Pauline) é um achado, pois é a personificação de tudo o que Margot abomina em um homem, e principalmente por ser este o homem que irá se casar com a sua irmã. A presença de Jack Black é tão surreal que ficamos igualmente aterrorizados, afinal, Pauline é tão surpreendentemente interessante que, de fato, merecia coisa melhor.
Em suma, o filme retrata as questões familiares sem rodeios. E os diálogos cruéis (como já disse), mesmo que não levem a lugar algum, são libertadores, de alguma forma para os personagens.
E é sempre bom ver retratado nas telas, um pouco mais de honestidade e vida real, sem cair no clichê 'família feliz que se ama mutuamente apesar dos problemas', porque, nem sempre a vida é assim.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Ensinando a viver


Em primeiro lugar eu preciso confessar uma coisa: eu assisto qualquer coisa com o John Cusack. Q-U-A-L-Q-U-E-R C-O-I-S-A! E vamos combinar que, de uns tempos pra cá os filmes que ele tem feito não são, assim, obras primas cinematográficas. Mas, vamos ao filme.
Em ´Ensinando a viver´ (The Martian Child/EUA/2007), John Cusack é David Gordon (oi? Alta Fidelidade?), um jovem viúvo que decide adotar uma criança. Mas, não uma criança qualquer. Por ser um escritor de contos de ficção científica, Gordon acaba se interessando justamente por um garotinho estranho que acredita ser um marciano. Completamente perdido com a nova missão, a de ser pai, Gordon tenta a todo custo trazer o garotinho de volta à realidade e provar que ele pode ser a família que o garoto nunca teve.
O tema é bem clichê, e como disse acima, de uns tempos pra cá não vemos muita coisa interessante na carreira de John Cusack, mas o filme não é de todo desprezível.
Tirando o garotinho estreante Bobby Coleman (um ruivinho encantador, que realmente nos faz acreditar que ele seja um ser de outro planeta, mas que no final das contas se torna um garoto por demais chatinho), é John Cusack, dotado de um carisma natural, que segura a bola e dá aquele tom cômico, de seus tipos desastrados de filmes anteriores. É um tipo que só ele faz sem ser cansativo e repetitivo. O restante do elenco e histórias paralelas é dispensável, incluindo um semi-romance com Amanda Peet.
De qualquer forma, vale a pena por ter John Cusack e pela trilha sonora bonitinha. Não vai acrescentar muita coisa na vida de ninguém, mas, pode ser uma opção naquele dia em que nada te agrada na vídeo-locadora.

Trailer:

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

´Deus e o diabo na terra do petróleo´


Sangue Negro
(There Will Be Blood /EUA/2007)


Nos primeiros 11 minutos de Sangue Negro (There Will Be Blood /EUA/2007), o diretor Paul Thomas Anderson nos apresenta o que o personagem principal, Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis), o petroleiro sem escrúpulos é capaz de fazer para ter o que sempre desejou.
Plainview, é um empreendedor que logo se torna o cabeça no ramo da exploração do petróleo, daquele tipo que um dia não tinha nada e no outro ganhou tudo. Movido por esse ´sonho americano´ de riqueza e poder, Plainview parte para a pequena e pacata cidade de Little Boston, a fim de explorar todos os poços petrolíferos do lugar e, assim, se firmar como o Rei do ramo petrolífero.
Interpretado com maestria pelo oscarizado Daniel Day-Lewis, Daniel Plainview não só reflete o capitalismo selvagem do início do século passado, como se torna a própria encarnação do ´demônio capitalista´, seja nas cenas em que discursa sobre o papel da família nos negócios, a ponto de usar o próprio filho para conquistar a simpatia dos interlocutores, seja nas cenas em que, apenas com um olhar, transmite para o expectador o que pretende fazer (como na cena em que descobre que o forasteiro que diz ser seu irmão é um farsante). Sem dúvida, é o demômio em pessoa!

Em contrapartida, temos o antagonista, o jovem pastor Eli Sunday (Paul Dano, de Pequena Miss Sunshine, em um personagem difícil de superar) que apesar de apelar para a religião como o único caminho, não deixa de ser um reflexo do próprio Daniel Plainview. Eli Sunday não é um homem de Deus, e bem poderia ser um parceiro de Plainview na arte de subverter pessoas.
Paul Thomas Anderson cuidou de cada detalhe da sua obra, e acertou nos confrontos entre Plainview e Eli, na trilha sonora macabra dos 11 minutos iniciais (trilha esta, composta pelo guitarrista do Radiohead) e inova por trazer à tona um desfecho imprevisível, defecho esse que vai além da realização do ´sonho americano´. Sangue Negro é muito mais que a jornada de um homem rumo à realização dos seus objetivos a qualquer preço. É uma história sobre até que ponto a ganância pode tomar conta do coração humano e até que ponto isso pode ser a sua perdição, um caminho sem volta e sem arrependimentos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Um beijo roubado


Em primeiro lugar, gostaria de deixar registrado aqui minha indignação com a tradução (?) adaptação (?) que seja, do título original do filme de Wong Kar-Wai. 'Um beijo roubado' (My Blueberry Nights /2007) é, no mínimo, uma tentativa de despertar a curiosidade daquela parcela do público que obviamente desconhece o trabalho desse grande diretor. Ok. A cena do beijo foi muito comentada e aguardada, mas a coisa não é bem por aí.
No primeiro filme inglês do diretor, Norah Jones dá vida a Elizabeth, uma jovem que depois de levar um chute do namorado, conhece um charmoso dono de bar Jeremy (Jude Law) e com ele, divide suas angústias todas as noites saboreando um pedaço de torta de blueberry com sorvete. Não satisfeita com a sua vida, Elizabeth sai pelo país em busca de um sentido para sua vida, conhecendo pessoas diferentes e se auto-descobrindo. Entre esses ilustres desconhecidos, um policial (David Strathairn) que é obsecado pela ex-mulher (Rachel Weisz), e uma jovem jogadora de pôquer (Natalie Portman).
O estilo de direção de Wong Kar-Wai sempre me agradou, além das trilhas perfeitas dos seus filmes. Em 'Um beijo roubado' não é diferente. Apesar de ser protagonizado pela estreante (porém promissora) Norah Jones, o filme conta com um elenco classe A, que garante diálogos inteligentes e cenas marcantes, embalados por uma trilha que inclui a própria Norah, além de Cat Power (que também faz uma participação no filme) e Cassandra Wilson. E muito mais que o beijo roubado que deu nome ao título em português, o filme encanta mais pela 'simplicidade' dos personagens de Elizabeth e de seu confidente desconhecido Jeremy. A cena do beijo no balcão é apenas um detalhe, encantador, mas ainda assim um detalhe. É lamentável que esse filme tenha passado tão despercebido pelo circuito de BH.
'Um beijo roubado' é bonito e encantador na medida certa.

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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ensaio sobre a cegueira



Eu confesso que demorei um pouco para conferir 'Ensaio sobre a cegueira' (Blindness/2008) nos cinemas. Não por vontade minha, mas para tentar ter uma opinião mais imparcial sobre a adaptação do livro de José Saramago para as telas. Há, porém, um certo frenesi em cima da obra de Fernando Meirelles, de modo que é quase impossível não criar expectativas antes de ver o filme.
Eu poderia falar de Julianne Moore, que deu alma à esposa do médico, e a única que testemunha todo o caos decorrente da cegueira que sobrevem à população de uma cidade. Mas, eu prefiro falar da primorosa direção de Fernandão Meirelles. Eu não costumo dar muito crédito para os diretores brasileiros que adaptam a 'realidade' das favelas ou qualquer outra 'realidade' brasileira para o cinema. Primeiro porque o que não falta no Brasil é filmes desse gênero, segundo porque não tem muito sobre o que se falar no cinema brasileiro a não ser sobre a realidade do país ou sua cultura. A retomada do cinema nacional é muito válida, mas ainda falta um algo mais que ainda não conseguiram atingir (me perdoem os amantes do cinema nacional). Então, Fernando Meirelles para mim é um grande diretor desde 'O Jardineiro Fiel', uma vez que nesse filme ele mostrou a que veio, muito embora o filme retrate outra realidade, só que de um país que não é o nosso (sem contar que não é todo dia que recusam 'Nicole boneca de cera botox Kidman' para um filme. Ponto para Fernandão Meirelles).
Após a sessão de 'Ensaio sobre a cegueira', senti orgulho de um diretor que soube transportar para as telas exatamente o tom dramático e desesperador vivido pelos personagens do livro. Senti orgulho do que Fernando Meirelles fez atrás das câmeras, orgulho de trabalho bem feito.
O roteiro muito bem adaptado, me fez sentir parte do caos que permeia todo o filme, praticamente uma cúmplice de Julianne Moore. Senti pena, raiva, compaixão.
Poucas vezes eu vi nas telas, interpretações tão convincentes. Belo time de atores!
Andei lendo por aí que José saramago chorou ao ver seus personagens ganharem vida nas telas. Eu não chorei, mas entendi perfeitamente o que é 'fazer uma adaptação para o cinema' depois do filme de Meirelles. É muito mais que jogar meia dúzia de atores em um set e entregar um texto com partes de alguns diálogos do livro ('O amor nos tempos do cólera' que o diga). É ser responsável com a obra que lhe foi confiada e fazer cinema. Cinema bem feito.

E que venha o próximo, Fernando Meirelles!

Trailer: