Porque, todo filme é bom, o que atrapalha é a crítica. Ou não?

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Melhores da década de 90

A Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos convocou seus membros para eleger os melhores filmes da década de 90. É uma coisa muito difícil, levando em conta que, ou você escolhe com o coração (no caso, os seus preferidos) ou por importância para a década, por assim dizer. Eu fui pelo coração, mesmo sabendo que alguns filmes queridos ficariam de fora. E ficou assim:


1. Abre los ojos (Preso na escuridão) (Alejandro Amenábar/1997)
2. Gênio Indomável (Gus Van Sant/1997)
3. Seven (David Finsher/1995)
4. As virgens suicidas (Sofia Coppola/1999)
5. Pulp Fiction (Quentin Tarantino/1994)
6. Filadélfia (Jonathan Demme/1993)
7. Como água para chocolate (Alfonso Arau/1992)
8. Central do Brasil (Walter Salles/1998)
9. A época da inocência (Martin Scorsese/1993)
10. A Bela e a Fera (Walt Disney Pictures/1991)


Lagriminhas pelos que ficaram de fora: Forrest Gump, Antes do Amanhecer, O Show de Truman, O casamento de Muriel, Ou tudo ou nada, Jerry Maguirre. Além dos óbvios clássicos da década: O Poderoso Chefão 3, Trainspotting, Matrix... etc.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A Família Savage



Se hoje em dia eu fosse fazer um TOP 10 filmes dramáticos sem narrativa cansativa ou cenas que beiram ao melodrama mexicano, 'A Família Savage' (The Sagaves/EUA/2007) estaria bem no topo da lista. É claro que a belíssima dupla de protagonistas contribui para isso. E eu sou um pouco suspeita para falar de Philip Seymour Hoffman e Laura Linney, porque adoro os dois. Para mim, são dois dos melhores atores da atualidade. Tem aquele tipo de credibilidade que permite que eles façam desde qualquer blockbuster da temporada, até filmes introspectivos e com alta carga dramática.
Em 'A Família Savage' eles fazem dois irmãos que tem vidas totalmente distintas. Wendy (Laura Linney) é uma dramaturga que passa seus dias tentando emplacar um roteiro de uma peça de teatro baseada na sua infância, e nas horas vagas faz sexo com um homem casado que ela nem sabe se ama realmente. Jon (Philip Seymour Hoffman) é professor em uma universidade e escritor, e vive um momento delicado quando sua namorada ucraniana precisa voltar para seu país por não ter conseguido o green card. Um dia, eles recebem um telefonema que os informa que seu pai está demente e precisa de cuidados. Isso faz com que Wendy e Jon sejam obrigados a se reencontrarem e viver sob o mesmo teto para cuidar do pai.
Wendy e Jon anteriormente envolvidos em suas próprias vidas, agora passam a lidar com elementos do passado que esperavam nunca mais terem de se lembrar. Mas, é justamente esse retrocesso em suas infâncias conturbadas, que vai ajudá-los a entender e aceitar certas coisas, como a morte e o abandono.
Eu particularmente gosto de filmes que usam momentos de instrospecção para explicar a mente confusa dos personagens. As cenas em que Wendy e Jon observam da janela do carro o movimento das árvores e a cor do céu, é como se tivessem passado anos observando a mesma paisagem e finalmente tenham descoberto o sentido de suas vidas.
Belíssimo filme! Química perfeita entre os dois atores (Laura Linney foi indicada ao Oscar, inclusive) e direção acertada da semi-estreante Tamara Jenkins.

Trailer:

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Traídos pelo destino




O que faz grandes atores como Joaquim Phoenix e Mark Ruffalo serem atraídos por um projeto como o filme 'Traídos pelo destino' (Reservation road/EUA/2007)? A resposta é: dar credibilidade a um triller que se encaixa muito bem naquela seção 'filmes de supercine' da locadora. Sim, porque se não for por isso, eu realmente não entendi nada.
Em um dia comum, a família de Ethan (Joaquim Phoenix) volta para casa após o recital de um dos filhos. Para Dwight (Mark Ruffalo) também é um dia comum onde ele e o filho vão juntos à um jogo de beisebal. Mas, um acidente fatal vai mudar a vida de ambos os pais para sempre. É nesse momento que entram as boas atuações por parte do elenco, porque, poderia ser qualquer ator desconhecido desses por aí, e o filme seria um triller de supercine comum, mas, com atuações de atores de peso como Phoenix e Ruffalo, o filme fica muito mais interessante. Enquanto Ethan se afunda em sua própria dor, esquecendo até mesmo da mulher e da filha pequena na sua obsessão por vingança, Dwight envolve o espectador em seu drama pessoal, dominado pelo medo e pelo peso da sua cosciência.
Apesar dos clichês, é um filme interessante que mostra que nem sempre um ótimo ator precisa necessariamente atuar em grandes produções. Basta um diretor competente para fazer de um tema comum, uma grande surpresa para o público.

O filme também conta com Jennifer Conelly como a esposa de Ethan e a irmãnzinha de Dakota Fanning, Elle Fanning seguindo os passos da irmã, inclusive no quesito gritos histéricos (porque, eu não esqueço Guerra dos Mundos assim tão fácil).

Trailer:

O amor nos tempos do cólera




Já tentei várias vezes ler o livro de Gabriel Garcia Márquez e nunca consegui. É sério, nunca passei da página 30. Aliás, o pouco que eu li do livro já era suficiente para saber que a história de amor dos jovens Florentino e Firmina não iria se concretizar tão cedo. Enfim, coisa de romance épico e de escritor denso demais. Então, quando assisti ao trailer no cinema, me empolguei com a idéia de finalmente poder conhecer o desenrolar da trama e o fim dessa história. Não vi no cinema, pois passou no circuito aqui de BH mais rápido que alguns filmes indicados ao Oscar, e pelas críticas nada boas que li, resolvi esperar mesmo pelo lançamento em DVD.
Pois bem, a história é sobre os dois jovens Florentino Ariza (Javier Barden) e Firmina Daza (Giovanna Mezzogiono) que se apaixonam perdidamente e são impedidos pelo pai da moça de se casarem. Isso, porque Florentino é apenas um rapaz pobre que trabalha em uma agência dos correios, enquanto Firmina é filha de um promissor homem de negócios da região. Alguns anos se passam e Firmina se casa com um médico influente (vivido por Benjamin Bratt) enquanto Florentino passa seus dias à espera de uma chance (no caso, a morte do marido de Firmina) para que se case com ela.


O que mais me assusta nessa adaptação para as telas, não são nem as atuações. Tirando o Florentino chato de Javier Barden, os atores estão até muito corretos, (Fernanda Montenegro inclusive) mas, sim, o climão do filme, do tipo 'filme para inglês ver'. É sério, a história se passa na Espanha e todos os personagens falam inglês. Nada contra se todos os atores envolvidos na produção não fossem de origem estrangeira, ou seja, um desperdício de inglês com sotaque. Seria mais verossímel se o filme fosse em espanhol. Em contraste com o 'espanglês' do elenco, temos uma trilha sonora que, por si só já faz com que os espectadores torçam o nariz: todas as músicas são interpretadas por Shakira, e em espanhol.
A maquiagem é outra atrocidade cometida nesse filme. Apesar da boa atuação de Giovanna Mezzogiono como Firmina, é impossível não reparar na maquiagem meia-boca que usaram para envelhecer a atriz mostrando a passagem de tempo da personagem. É sério, será que um orçamento de 45 milhões não pagaria um bom profissional?
Gabriel Garcia Márquez demorou tanto tempo para vender os direitos do livro para adaptação, e ele próprio revisou o texto, segundo fontes ligadas ao filme, mas o diretor Mike Newel (Harry Potter e o Cálice de Fogo/ Quatro casamentos e um funeral) não deu conta do recado. O filme soa caricato, fazendo com que o principal elemento que move toda a história, o amor, seja apenas um coadjuvante entre as muitas cenas de Florentino na cama com outras mulheres à procura de redenção pelo sentimento perdido no tempo. O filme é chato e longo demais. Decepção.

terça-feira, 22 de julho de 2008

O som do coração





O som do coração (August Rush/EUA/2007) é aquele tipo de filme que você sabe que vai perder o seu tempo, porém, insiste em assistir. A tradução nada literal (porém muito correta) do título em inglês, que faz menção ao nome do personagem título, já entrega toda a história. História essa que beira ao surreal. Um jovem casal, Lyla (Keri Russell, a eterna Felicity) uma violoncelista e Louis (Jonathan Rhys Meyers, de Match Point) um jovem cantor, se conhecem em Nova York e tem uma noite de amor. Nunca mais se vêem, mas, a vida de ambos nunca mais é a mesma depois dessa noite. Lyla fica grávida e supostamente perde o bebê pouco antes de dar a luz. Louis, integrante de uma banda de rock decide seguir outro caminho, já que não tem mais inspiração para compor depois que sua ‘musa de uma noite só’ se foi. A vida segue. Onze anos se passam e tanto Lyla como Louis são infelizes em suas vidas sem a música que os uniu. Mas, o filho que Lyla supostamente perdeu está vivo. Vive em um orfanato e se chama Evan/August Rush (Freddie Highmore). O garoto tem um talento nato para a música e encontra música em todo lugar, até nos simples sons da natureza e no barulho das grandes metrópoles. August tem certeza que é através da música que vai reencontrar seus pais verdadeiros e viver feliz para sempre.

Olha, eu tenho que dizer que o garoto Freddie Highmore é o que há, no quesito criança fofa que faz o público chorar. É sério, os olhinhos do garoto brilham tanto que você simplesmente se apaixona e tem vontade de pegar ele no colo e levar pra casa. (Lembram dele na nova versão da Fantástica Fábrica de chocolate?)
Keri Russell, bem, eu gosto da Keri Russell, acho uma pena que sua carreira não decole e ela continue sendo coadjuvante em filmes como Missão Impossível, por exemplo. Jonathan Rhys Meyers é um xuxu de tão talentoso, e bonito. É por isso que não dá pra engolir os dois em uma produção tão mediana. Porque, o filme é simplesmente uma das coisas mais pretensiosas e açucaradas dos últimos tempos. Uma historinha fraca, sobre o poder da música em unir as pessoas e uma história de amor tão meia boca que não dá para acreditar. Ainda temos Robin Williams em uma de suas piores atuações, como ‘o mago’ que acolhe August quando ele foge do orfanato.
Sua vida não vai mudar nada se você não assistir ‘O som do coração’, então, passe longe desse filme. Por outro lado, se você não liga a mínima para a crítica, assista ao filme e chore de raiva, ou de emoção. Porque, a trilha sonora é bem comovente.

Trailer:

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O Gângster





Eu não sei quanto a vocês, mas, durante muito tempo da minha vida, ouvi dizer que ´O Poderoso Chefão´ era o clássico dos clássicos, o supra sumo dos filmes de máfia. De fato, a imagem da família Corleone ecoa na mente dos cinéfilos e amantes de filmes do gênero, mais ou menos como ´E o vento levou´ é para os românticos inveterados e fãs de épicos. Justamente por causa disso, na maioria dos filmes sobre máfia que eu assisti, eu sempre procurava uma referência à trilogia clássica e sempre cheguei à mesma conclusão: ´O Poderoso Chefão´ é uma obra prima, não tem como negar.
Mas, a superestimação de um filme, faz com que, na maioria das vezes, você ache que tudo que foi feito depois dele, é mera cópia ou referência descarada aos diálogos, ao roteiro, aos personagens do filme. Em O Gângster (American Gangster/EUA/2007) tem sim uma vibe Vito Corleone no ar, mas, se desfaz rapidamente pela presença de Frank Lucas (Denzel Washington) o cara negro que se torna uma espécie de manda-chuva do submundo das drogas na década de 60, por distribuir pelas ruas a heroína mais pura que Manhattan já viu, colocando os italianos e outros ´distribuidores´ no chinelo. Mas, Frank diferente de todos os outros senhorios do comércio de drogas, é discreto e apegado aos valores familiares, tanto, que traz literalmente toda a família para Manhattan para trabalhar com ele no ´negócio´. Na cola de Frank, policiais corruptos pipocam ao longo do filme, mostrando que o mundo do crime não é mais obscuro que a corrupção do sistema policial. A performance de Denzel Washington chega a ser igual ou superior à que lhe rendeu o Oscar por ´Dia de Treinamento´, tamanho carisma e profundidade que empresta a seu Frank Lucas. O que contribui para a dobradinha que faz com Russel Crowe, o policial honesto que consegue desbaratinar a rede de drogas de Frank. Russel Crowe, quando bem dirigido e dividindo a cena com atores como Denzel Washington consegue fazer com que eu o admire. O Gângster prima também pela bela fotografia setentista e pelo figurino impecável dos personagens, em especial os ternos alinhados de Frank Lucas. Fazendo dele um legítimo gângster americano, com muita frieza, porém, com elegância e requinte.

Se O Gânsgter não é melhor que ´O Poderoso Chefão´, é simplesmente porque chegou bem depois. Vai para a prateleira dos clássicos.

Trailer:

Hancock





Esse ano, não temos heróis da Marvel pipocando nas telas mês a mês como nos anos anteriores. Temos Batman reinando absoluto como o herói dos ´filmes de férias´. Mas, mês de julho não é mês de julho com um super herói só. E como Homem de Ferro estreou lá atrás junto com Indiana Jones, nada melhor para quebrar a aura obscura do homem morcego que um super herói diferente, mal humorado, debochado e beberrão. Eis que surge Hancock (Hancock/EUA/2008), com Will Smith no papel título. Eu não estava levando muita fé nesse papo de Will Smith super herói, principalmente depois de ´Eu sou a lenda´. (Aliás, Will Smith caiu muito no meu conceito depois de Eu sou a Lenda, mas, quem liga, não é mesmo? Voltemos ao filme).
Hancock, apesar de salvar o dia dos cidadãos comuns, é também uma espécie de ameaça a segurança pública, já que por estar sempre bêbado acaba por deixar prédios e avenidas destruídas por onde passa. Isso, sem contar os palavrões. Mas, eis que um dia, Hancock salva a vida de um publicitário fracassado (Jason Bateman, de Juno) que se sente na obrigação de melhorar a imagem do herói perante a população, como forma de gratidão. Partindo desse ponto, o filme tinha tudo para ser um daqueles filmes sobre superação com uma pitada de humor, coisa que Will Smith faz muito bem. Mas, peca por tentar explicar o lado amargurado e mal humorado do herói, coisa que realmente não interessa o público. Ainda assim, Hancock consegue ser um filme divertido, nem que seja por conta do lado debochado do herói, ou pelo otimismo do personagem de Jason Bateman. E não se enganem com o nome de Charlize Theron nos créditos, ela realmente não faz diferença no filme.


Trailer aqui

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Fim dos Tempos





Mark Wahlberg é aquele tipo de ator que você espera ver em um papel de destaque em uma superprodução. Só que, na maioria das vezes ele é suplantado por outros personagens, como Leonardo di Caprio e em ´Os Infiltrados´ ou por macacos em ´Planeta dos Macacos`. É por isso que eu esperava um algo mais de Mark Wahlberg em Fim dos Tempos (The Happening/EUA/2008). É uma pena que, mais uma vez seu personagem foi suplantado, mas, dessa vez por um personagem digamos, não de carne e osso. No filme, um fenômeno sobrenatural abala as principais cidades norte americanas, onde em questão de minutos, pessoas são afetadas por uma espécie de toxina trazida pelo vento que faz com que o cérebro humano perca o senso de auto-preservação. Em meio a tudo isso, o professor de ciências vivido por Wahlberg, vive uma crise em seu casamento com a insossa Alma (Zooey Deschanel). E é buscando uma maneira de escaparem desse surto natural, que o casal vai se reencontrando e se entendendo. Uma coisa típica dos filmes catástrofe. O barato do filme é, de fato, esse inimigo que ninguém enxerga, e que, a cada ventania nos enche de medo e tensão. É uma pena que no fim das contas caia do discurso politicamente correto de ecologia e preservação do habitat natural do homem, um tema batido demais em tempos de aquecimento global. Digamos que o diretor M. Shyamalan, quis dar o seu recado, de uma maneira bem M. Shyamalan: fantasia versus realidade. E acostumados com o estilo do cineasta, esperamos um algo mais que simplesmente se perde entre uma cena de suicídio e outra ventania qualquer. É uma pena.
De qualquer forma, eu ainda espero um grande filme de Mark Wahlberg, sem que ele seja colocado em segundo plano por outro personagem. De carne e osso ou não.

Trailer: